sábado, 7 de novembro de 2015

16 A jihad continua



Maomé já era o líder de uma força política extremamente poderosa. Começou a atacar e conquistar outras tribos ao redor de Medina. Se viam obrigados a se converterem ao Islã ou seriam assassinados e suas mulheres convertidas em escravas sexuais. Devido a seu poder, atraía cada vez mais seguidores. Outros respondiam a chamada da pilhagem de guerra, alguns queriam estar ao lado dos vencedores e havia quem simplesmente tinha medo de ser o próximo no centro das atenções.
O hadice Sahih Bukhari registra um dos problemas dos homens de Maomé nessa época com as mulheres que capturavam e a resposta que lhes deu Maomé:

Volume 5,59,459 Ao entrar na mesquita, Ibn Muhairiz viu Abu Said e lhe perguntou se o coitus interruptus havia sido santificado por Alá. Ao que Abu Said respondeu: “quando acompanhei Maomé na batalha de Banu Al-Mustaliq, nos recompensaram com prisioneiros árabes, entre os que se incluíam várias mulheres que muitos disputavam, dado que o celibato era uma árdua tarefa. Havíamos planejado praticar o coitus interruptus, mas nos pareceu que devíamos pedir primeiro a opinião de Maomé” (não era bom deixar as escravas grávidas porque isso reduzia seu valor no mercado). Todavia, Maomé disse: “é melhor que não interrompas a cópula para evitar a gravidez, porque se uma alma está predestinada a existir, então existirá”.


Além da falta de humanidade que supõe apoiar a captura de prisioneiros e a posterior violação das escravas, o ponto interessante aqui é a insistência de Maomé na predestinação. Os muçulmanos usam a frase inshallah com frequência, isto se pode traduzir como “se Deus (Alá) quiser”. Quer dizer, nada acontecerá se Alá não tiver planejado previamente. Isto pode não parecer muito importante, mas teve um enorme impacto nas sociedades islâmicas. Dado que os muçulmanos creem que não morrerão a menos que assim o queira Alá, não faz sentido ter medo da morte. Por esta razão, os muçulmanos são muito valentes nas batalhas se comparados aos não muçulmanos. A parte negativa disto é que também faz com que sejam bastante preguiçosos e pouco produtivos nos tempos de paz. Para que se esforçar para melhorar as coisas se não acreditam que tal melhora seja possível se Alá não deseja? É a desculpa perfeita nas sociedades islâmicas.
- Por que você não fez o trabalho que eu mandei?
- Obviamente Alá não queria que eu fizesse.
- Por que você não veio trabalhar na semana passada?
- Esse foi o desejo de Alá.
Não interessava a Maomé que seus seguidores produzissem coisas, mas que se concentrassem na conquista para financiar sua sociedade com o espólio de guerra. Por isso deu forma de um modo muito hábil à cultura islâmica para que estivesse ao serviço deste objetivo.
Quando os acadêmicos estudam o atraso da civilização e a pobreza hoje em dia nos países islâmicos, o habitual é culpar a agressão e a exploração do Ocidente. Mas, uma vez que a natureza desses problemas é praticamente a mesma nas distintas sociedades islâmicas, deveríamos analizar o impacto dos ensinamentos do Islã no progresso humano.

O tratado de al-Hudaybiyah
Maomé decidiu ir em peregrinação até Meca mas os habitantes da cidade não queriam deixá-lo entrar, se bem que não vinha com intenção de briga.

Excerto da Sira:

I747 Os habitantes de Meca enviaram um homem para que negociasse um tratado com Maomé. Umar estava furioso porque Maomé ia firmar um tratado com os não muçulmanos, pois isso era uma humilhação para o Islã. Mas Maomé lhe disse que Alá não permitiria sua derrota, ganhariam dos coraixitas. Teria que ser paciente.

Assim eles fizeram um tratado para que não houvesse guerra durante dez anos, um período sem hostilidades e no qual nenhuma criança podia se converter ao Islã sem a permissão de seu tutor. Em troca, os muçulmanos podiam comparecer no ano seguinte e permanecer em Meca durante três dias, se bem que lhes negassem o acesso a cidade naquele ano.
Quando Maomé assinou, ele não fez isso pelo bem da paz. Tratava-se da decisão estratégica de esperar até que tivessem a força necessária. A paciência era uma das grandes vantagens na sua luta para conquistar o mundo e permanece sendo uma das pedras angulares da estratégia islâmica no mundo em que vivemos. Podemos comparar esta manobra com o modo em que Hitler atacou a Rússia enquanto tentava ao mesmo tempo conquistar a Gra-Bretanha, com o risco de perder praticamente todo o exército neste intento. Maomé só se atrevia quando sabia que podia ganhar e não dava o passo seguinte até haver assegurado a vitória anterior.

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