sábado, 7 de novembro de 2015

2 A fundação do Islã



Quando tinha aproximadamente quarenta anos, Maomé começou a fazer retiros espirituais que duravam meses e nos quais rezava e levava a cabo práticas religiosas dos coraixitas. Começou a ter visões nas quais o anjo Gabriel o visitava. Afirmava que Gabriel lhe mostrava as Escrituras e lhe dizia que tinha que recitá-las para assim ensinar a seus seguidores e se converteu no que hoje conhecemos pelo nome de Corão (ou Alcorão). Sua mulher Cadija o apoiou e foi a primeira pessoa a se converter a nova religião do Islã, que em Árabe significa “submissão”. Depressa, o filho adotivo de Maomé e outros membros da família seguiram o exemplo de Cadija. Com o tempo, também se uniram pessoas que não pertenciam à família. A medida em que Maomé tinha mais seguidores, foi ganhando confiança e não demorou muito antes de começar a pregar sobre sua nova religião de forma bastante desenvolta.  
No início isto não incutiu nenhum problema. Os coraixitas eram muito tolerantes com as distintas religiões, pois deste modo ganhavam dinheiro. Portanto, era algo bom se a nova religião de Maomé atraísse mais gente ao culto.
No entanto, logo as coisas começariam a se distorcer, quando o tom dos ensinamentos de Maomé deixou de ser tolerante. Maomé ensinava que sua religião era correta, o que era aceitável; mas dizia que o resto das religiões era falsa, o que era problemático. Ele ria das outras religiões e ridicularizava seus deuses. E o pior para os coraixitas era o fato de que Maomé afirmava que como os antepassados deles não eram muçulmanos, eles ardiam no inferno. Esta ideia era intolerável para os coraixitas que consideravam que os antepassados eram sagrados. Ele pediram que parasse com isso e voltasse a promover sua religião sem causar dano a deles.

Quando ele se negou, os coraixitas quiseram matá-lo. Para a desgraça deles, Maomé ainda contava com a proteção de seu poderoso tio Abu Talib. Os coraixitas tentaram convencer o tio a entregar Maomé para que pudessem matá-lo, mas ele se negou de forma enérgica.
Claro que Maomé era um orador carismático, que cada vez tinha mais seguidores, e isto aumentou as divisões dentro da comunidade. Havia brigas e disputas constantes. Meca era uma cidade pequena e todos se conheciam.
O que até então tinha sido uma comunidade pacífica e produtiva, agora se encontrava dividida entre os coraixitas e os novos conversos que se chamavam muçulmanos (ou seja muslim- “aquele que se submete”).
Alguns dos muçulmanos menos poderosos e, sobretudo, os escravos que haviam se convertido sofreram nas mãos dos coraixitas; no entanto, o tio de Maomé foi capaz de evitar que lhes acontecessem danos graves. Também alguns cidadãos de Meca que se converteram eram parte dos membros mais fortes e poderosos da comunidade e cada vez ficava mais complicado para os coraixitas resolverem o problema que Maomé levantava. Mesmo que ele houvesse chamado o povo de estúpido, e houvesse insultado seus deuses e afirmado que seus antepassados ardiam no inferno, foram incapazes de detê-lo.
Os coraixitas tentaram ser razoáveis com Maomé e inclusive fazer acordo com ele. Ofereceram dinheiro e a liderança da tribo se ele deixasse de pregar. Maomé se negou, insistindo que ele era o único mensageiro de Alá e não tinha escolha.

Comentários do autor:
Antes que eu prossiga falando sobre o Islã, quero fazer uma breve revisão do Cristianismo. Quer se deseje ou não, se alguém foi criado em um país ocidental, sua ética e o seu conceito de certo e do errado estão baseados nos ensinamentos do Cristianismo; o mesmo sucede com as leis criadas pela nossa sociedade. As pessoas que cresceram em culturas diferentes podem ter uma definição diferente do que é o certo e o que é errado. Por exemplo, o que um viking considerava como correto, hoje em dia provavelmente seria visto como antissocial na Dinamarca.
O Islã tem um sistema moral. Para explicar os princípios morais, às vezes terei que compará-los com os cristãos, não porque eu esteja promovendo o Cristianismo, mas é que simplesmente a maioria dos ocidentais (e eu me incluo neste grupo) compreenderá melhor do que se eu fizer referência com o Hinduísmo ou o Budismo.
A base da ética cristã (e judaica) se encontra nos Dez Mandamentos, que seguramente todos conhecem: não roubar, não enganar, não mentir, não matar, não desejar o que é dos outros, etc. Estes mandamentos culminam com a regra de ouro, que é:

«Tratar os outros como gostaria de ser tratado(a)».

Da regra de ouro provém o resto dos princípios como a liberdade de expressão, a força da lei, a igualdade, a tolerância, etc, que servem de fundamento das leis e dos costumes da maioria dos países ocidentais. Ao crescer em uma sociedade baseada na regra de ouro, temos a acreditar que é uma regra universal e  que não chega nem perto de ser uma ideia radical. No entanto, o homem que popularizou esta regra há 2000 anos acabou pregado em um madeiro por isso.
Apesar disto, a ideia se estendeu e continuou ganhando adeptos. Quando Maomé nasceu, o Cristianismo era a religião dominante na maior parte do Oriente Médio, do Norte da África e Europa. Não obstante, a regra de ouro e os dez mandamento NÃO SÃO a base de qualquer religião e sociedade. Como logo veremos, fica claro que tampouco são a base do Islã.
A dificuldade na hora de explicar o Islã é que, de certo modo, ele é como um quebra cabeça gigante. Eu poderia mostrar só uma peça do mesmo e dizer, por um exemplo, que é o nariz de um tigre. Só que não parecerá com um nariz de tigre até que se coloque o resto das peças para que vejamos como é na realidade. Algumas das coisas que escrevo podem parecer estranhas, e até mesmo ridículas, para quem foi criado em um país ocidental, com princípios morais baseados no Cristianismo, mas siga em frente. Com um pouco de sorte, quando terminar este livro você será capaz de ver cada uma das peças no contexto geral.

Um comentário:

  1. AS leis e mandamentos recebidos por Moisés, estão valendo também para o Islã, mas com um porém, só são válidas para os crentes(Muçulmanos), para os infiéis que são piores que cães sarnosos, não têm nenhum direitos (Dualismo do Islã Para os nossos o Paraíso, para os outros o inferno).

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